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Tablet para crianças e os prejuízos ao desenvolvimento do bebê

Quem é que nunca viu pais entregando um tablet para crianças se distraírem à mesa de um restaurante? Não raro, essa é a única forma dos adultos terem um pouquinho de paz para comer e relaxar. E é cada vez mais cedo que os dedinhos se tornam ágeis e familiarizados com o touch. 

A grande maioria dos adultos acha fofo ou considera como um marco de inteligência, mas o contato entre crianças e tecnologia deve ser encarado com um pouco mais de rigor. Isso não só porque o uso excessivo dessas ferramentas predispõe ao sedentarismo e à obesidade na vida adulta, mas porque ele prejudica a aquisição de habilidades básicas como a linguagem.

Neste post, você vai entender por que é importante restringir o tempo de tela do seu filho, e quais são as consequências do abuso da tecnologia nos primeiros mil dias de vida. Confira!

Como os brasileiros usam tecnologia?

Ainda não conhecemos ao certo o número de horas que crianças pequenas passam em frente às telas em nosso país. No entanto, uma pesquisa já mostrou que o brasileiro adulto passa mais tempo (474 minutos/dia) em frente às telas de TV, notebook, smartphone e tablet que a média dos adultos de outros países do mundo. 

O raciocínio não é complicado: primeiro, como fortes usuários desses dispositivos, tendemos também a oferecê-los ativamente aos nossos bebês seja dentro de casa, em restaurantes ou no carro. Afinal, nada como uma telinha brilhando, cheia de estímulos audiovisuais e joguinhos para deixar uma criança sossegada. E que pai não quer isso, não é mesmo?

Depois, à medida em que crescem, os pimpolhos começam a nos copiar, e aí está feito! Em poucos anos, temos crianças absolutamente desinteressadas em brincadeiras e ferramentas que não sejam digitais, com dificuldade de concentração, pouco comunicativas e (por que não?) mais preguiçosas.

Os primeiros mil dias

Os 1000 primeiros dias são os mais importantes para o desenvolvimento mental da criança. É nessa fase que os estímulos externos (visuais, luminosos, sonoros, táteis e olfativos) fazem com que a criança libere neurotransmissores.

Esses neurotransmissores são substâncias químicas que regulam conexão entre neurônios. E essa é, portanto, a base neurobiológica de fenômenos vitais, como o sono, mas também de outros circuitos sensoriais. 

Nesse sentido, a criança começa a internalizar, por exemplo, as recompensas afetivas e materiais que recebe dos pais diante de um comportamento. Ela entende que, por um lado, chorar quando está com fome resulta em ganhar peito. Por outro lado, sorrir provoca também o riso em seu interlocutor. 

Logo, todas as experiências que ela vive são mediadas por neurotransmissores que educam o cérebro e condicionam seu comportamento e personalidade. Em suma, ela começa a entender quais atitudes geram prazer e quais atraem o afeto, atenção e aconchego dos pais. Essa é a mais primitiva forma de aprender a se comunicar com o mundo e com os outros. 

Assim, receber, processar e assimilar estímulos do mundo real é extremamente importante para que a criança construa conexões neuronais ricas, e a distração passiva proporcionada pela tecnologia pode atrapalhar a construção desse processo que precisa ser ativo. O olhar, a presença dos pais, o cuidado, o tom de voz, as negociações, as brincadeiras… nada disso pode ser substituído por uma tela. 

Enfim, nosso conselho: estejam preparados para estabelecer limites e horários para o contato com a tecnologia ao longo de toda a infância, mas reservarem também parte do seu tempo para estar com seus filhos por inteiro.

Como o tablet para crianças afeta o desenvolvimento?

Linguagem

Um dos danos mais bem estabelecidos na relação entre tempo excessivo de tela em crianças e desenvolvimento é o prejuízo à linguagem. A linguagem e as habilidades de comunicação (verbal e não verbal) são fundamentais para o desenvolvimento cognitivo e social, e só são adquiridas por meio do treino. 

Como consequência, uma criança que passa muito tempo passivamente exposta à tecnologia, tende a desenvolver atraso nessas áreas, principalmente da fala, porque tem uma vivência pobre em diálogos.

Assim, é importante que você converse com seu bebê desde a fase dos balbucios, passando pela lalação, até a formação de palavras e frases, ao fim do segundo ano de vida. Cante com ele, responda, interaja. A tecnologia não pode fazer isso por você.

Sono e vigília

Não é exclusiva das crianças a influência que as telas têm sobre as rotinas do dia (vigília) e da noite (sono). Sabe-se de longa data que a luz azul dessas telas bloqueia a produção do hormônio melatonina, induzindo um quadro de insônia ou de má qualidade do sono profundo e provocando pesadelos e ansiedade à noite. Além disso, o bom funcionamento hormonal é fundamental também para o crescimento harmonioso corpo.

Em decorrência da ausência de boas noites de sono, ocorre um efeito dominó: a criança fica sonolenta e irritadiça no dia seguinte, com baixa capacidade de concentração e memória, o que gera prejuízos principalmente na fase escolar. Existe, ainda, a associação desse padrão de sono com sintomas sintomas dos transtornos do déficit de atenção, hiperatividade e outros transtornos mentais precoces.

Recompensas imediatas

Recentemente, a plataforma do Instagram resolveu ocultar o número de “likes” das fotos sob o pretexto de preservar a saúde mental dos usuários e, veja bem, estamos falando de adultos. O fundamento disso reside no fato de que as tecnologias proporcionam recompensas imediatas, seja forma de likes ou de bonificações em joguinhos, por exemplo.

Essas pequenas alegrias fazem disparar em adultos e crianças uma descarga de dopamina, o hormônio do prazer. A dopamina, então, educa e vicia o cérebro a repetir padrões de comportamento que gerem novas descargas de recompensa — e esse é exatamente o mesmo mecanismo que explica também a adicção em drogas —. 

Assim, a criança tende a aliviar o tédio, o estresse, a tristeza ou qualquer outro sentimento que não tenha sido incentivada a elaborar psiquicamente com comportamentos impulsivos e automáticos que tragam uma “solução rápida”. Isso não só faz com que elas não saibam comunicar seus sentimentos e lidar com eles, como pode, no futuro, trazer problemas com dependência de jogos com teor violento, irritabilidade, perda de empatia e agressividade.

Perda de interesse no mundo real

Sejamos honestos: é difícil competir com as telas. Mesmo os papais e as mamães mais criativos podem ter dificuldades para serem mais atraentes que os jogos e desenhos com suas músicas e efeitos especiais. Tudo bem, acontece. Eventualmente, todos os pais precisam recorrer às telas em momentos que não deveriam.

Entretanto, aprender a se distrair sem as tecnologias é um processo educativo que precisa começar bem cedo, e envolve empenho de todo o núcleo familiar. Isso porque o descolamento da realidade e a perda de interesse no mundo e nas pessoas pode se refletir em um comportamento antissocial e também provocar perda de interesses na vida escolar, por exemplo. 

Por isso, invista em brincadeiras de equipe, brincadeiras manuais ou que envolvam papel e caneta mesmo, à moda antiga. Mas, seja complacente com você mesma se às vezes falhar. Está tudo bem.

Como gerenciar o tempo de tela do bebê?

Os pais são os grandes responsáveis por mediar a relação das crianças com gadgets. Essa responsabilidade será compartilhada, mais tarde, com os professores, por exemplo. 

Muitas escolas, inclusive, disponibilizam o tablet para crianças fazerem atividades didáticas. No entanto, esse contato só acontece em crianças maiores, e é programado por uma equipe pedagógica para evitar impactos negativos no aprendizado e no comportamento.

Na primeira infância, no entanto, você precisa ser firme e disciplinada para estabelecer uma rotina com o mínimo de telas possíveis para o bebê. Quando essa rotina for estabelecida, repasse com detalhes à vovó, à babá e a quem mais for preciso.

As recomendações de tempo por idade da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) são:

  • antes dos 2 anos de idade, não ofereça o tablet para crianças ou qualquer outro tipo de tela, nem mesmo para entretenimento passivo;
  • entre 2 e 5 anos, o tempo de tela total (todos os dispositivos) não deve ultrapassar 1 hora/dia, e os cuidadores devem estar sempre atentos às escolhas;
  • entre 6 e 10 anos, o tempo de tela total deve estar entre 1-2 horas/dia;
  • adolescentes (11 a 18 anos) devem ser autorizados a usar telas por até 3h/dia, incluindo vídeo game e smartphone;
  • nenhuma criança deve ficar sozinha com os dispositivos, o uso deve acontecer nas áreas comuns da casa;
  • telas não devem ser autorizadas durante as refeições;
  • os dispositivos devem ser desligados de 1 a 2h antes de dormir.

É responsabilidade dos pais, ainda, oferecer e incentivar a prática de atividades esportivas, luta, dança ou outras modalidades, como aula de artes e música. Esses são são espaços importantes de elaboração dos sentimentos, autoconhecimento e convívio social com outras crianças.

Se seu bebê é um bebê urbano, leve-o sempre que possível para brincar ao ar livre sob sua responsabilidade. Por fim, evite expor seu filho em redes públicas, principalmente postando fotos. 

Lembre-se de não oferecer o tablet para crianças antes dos 2 anos de idade e, depois dessa fase, use com moderação. Não se preocupe: você terá tempo de sobra para usar a tecnologia a seu favor e a favor do aprendizado e desenvolvimento do seu filho. Tudo na hora certa.

Gostou? Então confira também nosso post sobre “Palpites na criação dos filhos, como lidar?”

Noeh, tecnologias para cuidar da vida!

Espero que tenham gostado! Se tiver dúvida é só perguntar!

Um abraço apertado, com carinho da Noeh

 

Referências

  1. ABEMD. Brasil consome mais tempo em telas do que média global.
  2. Association of Trajectory and Covariates of Children’s Screen Media Time. JAMA Pediatrics. 
  3. Manual de Orientação: menos telas, mais saúde. SBP
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